O corpo como repetição infinita, um reflexo de si mesmo que se prolonga sem começo nem fim. Em Ad Eternum, a simetria aprisiona e liberta, desenhando um organismo que se dobra sobre sua própria existência, como um eco sem retorno.
O humano, aqui, já não é apenas carne, mas estrutura, um signo duplicado que se perde na ilusão de continuidade.
As amarras vermelhas, traços de contenção, conectam a figura a um eixo invisível, um ponto onde o tempo não avança, apenas retorna. O espaço se torna um não-lugar, onde o corpo se desmembra e se reconstrói em um loop eterno. Há um paradoxo na imagem: ao mesmo tempo em que ela sugere fixidez, há um impulso de fuga, como se o corpo tentasse romper a lógica da simetria que o aprisiona.
Ad Eternum é uma visão sobre permanência e dissolução, sobre identidade e repetição. O que é corpo, o que é espelho? O que se mantém e o que se perde quando a imagem se refaz? Talvez não haja resposta – apenas a certeza de que o corpo, uma vez fragmentado, nunca mais volta a ser o mesmo.